quarta-feira, 23 de outubro de 2013

17 e 18.10.2013 - Dias 184 e 185 - Arles - St-Rémy-de-Provence

Logo pela manhã Silvano foi atrás de recarregar o chip do Ipad ...
Ainda em Arles fomos visitar Les Alyscamps = Os Campos Elíseos.
Uma aléia com três fileiras de tumbas medievais em ruínas. Praticamente foi tudo mexido e não tem mais nada inteiro, mas a força do lugar está lá. 
Com esse brilho no céu que há por aqui tudo fica "sem palavras", até um monte de túmulos desorganizado, "tô" achando bonito!  


 O outono vai se mostrando devagar e quando você se der conta ... chegou por inteiro 

 A Necrópole tornou-se cristã no século 4 e com prestígio até o século 12. 
Sarcófagos foram vendidos para museus, outros devem ter virado paredes de residências.


 Não sei o que é, parece jaca, mas tem jaca francesa? Cortei uma para ver por dentro, se não é tem tudo para ser! 

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 Os Campos Elíseos foram mencionados no "Inferno", de Dante; pintado por Gauguin e Van Gogh, entre outros.


Pela pintura do Van Gogh parece que a elite gostava de passear entre os sarcófagos. Coisa para mim super normal, se tem outra coisa que gosto de fazer é passear em cemitério, é tudo muito tranquilo, bom para meditar e pensar "que não somos nada mesmo" ou então tomar resoluções de fazer o que tem que ser feito ...

 Cada louco com sua mania:  eu gosto muito de fotografar janela, porta e aldravas 


Em 1139, o Guia do Peregrino recomendava que a Necrópole fosse o ponto de partida para a peregrinação, no trecho que passava por Arles 

Vamos para a região de Les Alpilles, oliveiras dão o tom da paisagem e o azeite dessa região é DOC, com nome e sobrenome.



Um dos lugares emblemáticos é Les Baux-de-Provence , ergue-se como extensão natural de um planalto rochoso. No topo um castelo em ruínas nos faz viajar e imaginar como teria sido a vida naqueles tempos em um local tão inóspito ... mas com uma vista de embasbacar! O vale que se estende ao longe chamam de Val d'Enfer=Vale do Inferno, com grutas e estranhas rochas, que reza a lenda, é moradia de bruxas e gnomos.
Mas tem um preço para desfrutar a paisagem: escadaria, escadas, portão e mais subida ... mas vale a pena o esforço despendido!  



Casario de pedra, as mesmas pedras que se enxerga em toda volta.
Moradores fixos são poucos, o turismo é a razão de ser de todos: cafés, museu, restaurantes, lojas provençais que dá vontade de comprar tudo, lojinhas só de sabonetes de oliva e de lavanda, cestas e cestinhas para ir ao mercado ... e o castelo para ser visitado. 


Mistral foi poeta e reabilitou a língua provençal. Funda em conjunto com o poeta Roumanille o movimento Felibrige para promover a língua occitana e acolher todos os poetas occitanos expulsos da Espanha por Isabel II.
Mistral recebeu o Prêmio Nobel em 1904 e com o dinheiro criou o Museu Arlaten, em Arles. 



 A paisagem é poderosa e magnética, a todo momento tem um recanto que você pode mirar e se encantar. E esse azul!!!! O que é isso!!!!

Até o ano de 1866 era a única porta de entrada no povoado, não saiu na foto mas em cima tem as Armas da Família Grimaldi





 Museu de Santouns: figuras de argila, muito coloridas para serem usadas em presépios e a série de personagens tradicionais provençais e suas profissões: aguadeiro, pescador, amolador, padre, etc. 



 Infelizmente não entramos no Castelo. O senhores de Baux, linhagem de uma família que remonta ao Rei Mago Baltazar, eram conhecidos por serem rebeldes e guerreiros. Durante 300 anos conseguiram manter seu poder em toda a Provence.
 Referência ao Rei Mago Baltazar



 Em 1821, o geólogo Pierre Berthier "descobriu" essa pedra e se acreditava que era um mineral ... foi dado o nome de Bauxita, por causa da cidade em que estamos Les Baux-deProvence. Essa pedra é uma mistura de óxidos de ferro que deu origem ao alumínio, ou +- isso, é muito complicado dar essa explicação. A França cessou a exploração em 1991 devido ao esgotamento das reservas. Atualmente a Austrália é um dos maiores produtores de bauxita. A reciclagem de alumínio tem feito com que a demanda tenha  diminuído um pouco, mas ainda há reservas naturais para muito tempo.
  
Outro local que não fomos, na verdade eu esqueci ... antigas pedreiras em desuso agora são utilizadas para exibições áudio-visuais e exposições. O local recebeu o nome de Catedral de Imagens ou Carrieres de Lumieres (acho que é o nome novo) e a exposição desse ano é com pinturas de Monet, Chagall, Renoir. Vai para o caderninho com a anotação "para a próxima".
Então vamos embora! Mas olhando com cuidado se aparece alguma placa de camping. Essa paisagem é de querer ficar, querer estar por aqui.


 Mas o camping não estava aberto, aliás fechou faz 2 dias... e seguimos, subindo, de olho torto atrás da placa "ouvert"  e assim chegamos novamente nas pegadas de Vincent Van Gogh em St-Rémy-de-Provence.

Os campings começam a fechar a partir de 15 de setembro e no mês de outubro vão caindo um a um ... com exceção de cidades que tenham atrações permanentes. Aqui na Provence vamos pular miudinho para achar camping. Vamos dormir onde der, não exatamente onde queremos!

Mas St-Rémy tem muito o que ver e desfrutar! Vamos a ela! Motivos para conhece-la não faltam: esta vila cheia de charme é uma das mais antigas da França; terra de Nostradamus e suas profecias; no fim do século 19 a cidade atraiu músicos, escritores e pintores, como nosso já conhecido Van Gogh e Charles Gounod, todos para provar a magia ensolarada da Provence!
Mas muito antes desse povo todo, quem andou por aqui foram os romanos: esses andaram por tudo, não à toa tinham um Império a seu dispor!
Em 1921, St-Rémy encontrou novo motivo: arqueólogos escavaram as ruínas romanas em Glanum , localizada um pouco acima da cidade atual. Quase nada resta da cidade saqueada em 480 d.C. pelos godos.
 Arco do Triunfo, datado de 20 a.C. 
 Mausoléu de Julii (?!), do ano 30 d.C. 


 Fonte Nostradamus e embaixo a casa onde nasceu em 1503 e passa sua juventude





 Ruas e ruelas arborizadas, praças e fontes, cafés e restaurantes bons para ver a vida passar

 Artesanato em troncos de amendoeiras





Depois que chegamos aqui descobri pela @ "Joel Durand", chocolatier de muita fama ... fomos experimentar o chocolate: ele faz uns quadradinhos com casquinha dura e recheios inusitados: lavanda ou tomilho, pimenta ou caramelo ... bomdimais ...

Almoçamos no Boulevard Victor Hugo: pedimos os pratos do dia e o meu troquei com o Silvano: não sou muito fã de carneiro, ainda mais ensopado!

Fomos conhecer o Hospital St-Paul-de-Mausole (asilo, hospital psiquiátrico ou hospital??) onde em 1889-1899 Van Gogh esteve internado. Durante esse tempo pintou telas que ganharam o mundo a troco de muito dinheiro.
Essa parte do hospital atualmente faz parte do "Centro Cultural e Turístico Van Gogh", com reproduções das obras em grande formato. Tem também a "inevitável" lojinha com coisinhas bonitinhas: postal, poster, agenda, sombrinha, calendário, etc, etc, etc. Olho, admiro mas consigo passar batido.




"I r i s "
 

"A noite estrelada" é um dos quadros que demonstra o quanto ele gostava da noite ..."Muitas vezes eu penso que a noite tem mais vigor e é mais intensamente colorida do que o dia" (Van Gogh). Tinha 37 anos.

Claustro do Hospital e Monastério

Jardins dos fundos, com plantação de Lavanda, já colhida as flores 





Quarto na casa amarela em Arles


Quarto reconstituído dentro do hospital





Além da visita ao Hospital tem o "Circuito no Universo de Van Gogh" : são 21 reproduções das obras pintadas em St-Rémy. Descemos fazendo esse roteiro.




 Encharcados de Van Gogh e quase com "icterícia" de tanto ver amarelo ...


 Quando estava escrevendo essas "mal traçadas linhas" li que foi descoberto um quadro original de Van Gogh. Segundo o diretor do Museu em Amsterdã "uma descoberta dessa é uma experência que só acontece uma vez na vida". 
Pertence a um colecionador privado e estava em um sótão abandonado pois não havia certeza da autenticidade.
Trata-se do "Sunset at Montmajour", de 1888. Existe referências ao quadro nas cartas que Van Gogh enviava a seu irmão Theo.

Ufa! Hoje cansamos! Passamos na padaria, compramos uma baguete quentinha e fomos correndo para casa (não sobrou nem um  pedacinho para contar história).
Amanhã vamos embora com pesar, por mim ficaria mais tempo por aqui.
Uma parte do projeto dessa viagem era ficar 'parado" em alguma cidade gostosa, bonita, simpática, com peculiaridades bem provençais ... mas não vai ser dessa vez. Daqui para a frente vamos meio que em ritmo "rápido". Isso vai ficar faltando mesmo!
 O camping tem até ducha para o melhor "amigo do homem": luxo!
 Mas nós, os seres racionais, também fomos bem aquinhoados com banheiros limpos e novos
   
Amanhã seguimos atrás do sol, do azul, do calor, dos sabores e odores!

           

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