domingo, 27 de setembro de 2015

26 e 27.09.2015 - Vouvray - Cognac - Mortagne-sur-Gironde

Dias 19 e 20 - 2.400 km completados ...







Como estamos a "toque de caixa" hoje entramos na região chamada Poitou e Aquitânia : banhada pelo Atlântico, palco de lutas (que novidade!) resultando em grande herança arquitetônica e cultural.
A peregrinação à Santiago de Compostela também deixou marcas: igrejas românicas, como a de Poitiers, assim como pequenas capelas e afrescos.


Poitiers foi palco das 3 maiores batalhas da história francesa. Mas na foto acima o que vemos por fora é o Futuroscope: um parque temático dedicado à mais moderna tecnologia em um ambiente arquitetônico futurista. É uma "Disney" voltada para a modernidade. Imeeeenso! www.futuroscope.com


Ao sul da região está Bordeaux, famosa pelos Grands Crus , considerados por alguns os melhores vinhos do mundo  e Cognac , famosa pelo ... conhaque.O destaque gastronômico da região são enguias,mexilhões e ostras e das pastagens do interior, cordeiro salgado e queijo de cabra.

Cognac cortada pelo Rio Charente







                                                        Rio Charente e a Destilaria Henessy
                                                           
                                                  Jardim Público



Hôtel de Ville = Prefeitura localizado dentro do Jardim Público 
Teatro ao ar livre
            Museu de Artes e História: exposição sobre os 300 anos do Cognac Martell
                                                                Centro Histórico


Dia seguinte ... seguimos atrás do verdadeiro cognac ...



Destilaria Otard , localizada no castelo do século 15 onde nasceu Francisco I em 1494 e foi Rei de França , de 1515 até sua morte em 1547. 
A Destilaria foi estabelecida em 1795, por um escocês de nome ... Otard ...

Grande parte da arquitetura original da Renascença foi poupada

As salamandras estão por toda parte, acredita-se que ela pode ressurgir do fogo e com isso atribui-se sortilégios a ela ... mas pode ser também que simplesmente Francisco I as achava bonitinhas ...
Nesse salão, no início da destilaria eram estocados os barris de cognac
Conhaque: bebida feita a partir de uvas brancas e que só levam o nome se produzidos nessa determinada região. Na Espanha recebe o nome de "Brandy".



Essas manchas nas casas de Cognac são denunciadoras: se você encontrar essas marcas deixadas por um líquen negro no exterior das construções, pode saber que estás em frente a um depósito de conhaque. A mancha provém da evaporação do álcool.  

Conhaques famosos: Henessy, cujo atendimento ao turista está em grandes reformas , Martell , Courvoisier e outros


Aqui também se produz Pineau de Charente: a "grosso modo" é um conhaque acrescido de mosto de uva, mas também com denominação de origem
Royan
Bem , nos despedimos de Cognac e vamos para a Royan e conferir os preços do ferry em direção à região do Médoc ... nada feito ... muito custoso por um trecho muito pequeno (pelo menos a nosso ver...).
Porque atravessar de ferry? Estamos no estuário de Gironde e se não vamos de ferry temos que descer pela margem direita e lá embaixo atravessar o rio e subir de novo para chegar justo em frente à Royan , porém na margem esquerda ... complicado ... não ... descemos de um lado e subimos pelo outro!
Estamos tentando cortar caminho!
Estuário do Gironde é o maior da Europa Ocidental, com 75 km de comprimento por 12 km de largura.
Formado pelos Rio Garonne e Dordogne.

Cidadela de Talmont-sur-Gironde 
Seguindo pela margem direita a poucos quilômetros da estrada está Talmont.
Aldeia de casinhas brancas, com as paredes com roseiras trepadeiras. Considerada entre as mais belas vilas da França.
Há um estacionamento pago antes das muralhas, uma vez que carros não entram na cidadela.



Eglise Ste-Radegonde , estilo românico, localizada em uma ponta de terra de onde se descortina o Gironde.
Construída em 1094 , de uma única abside, projetada para parecer uma proa de navio, o que veio bem a calhar, pois em alguma época, a nave despencou na água .
Foi importante local de passagem aos peregrinos de Santiago na Idade Média.
A fachada do século 15 é o que restou de original.






Ainda há tempo para rodar mais alguns kms ... campings aos montes ...
Em Mortagne-sur-Gironde, na parte alta da cidade: camping municipal, recepção calorosa ..."ulalá vocês são os primeiros brasileiros" ..., todas as facilidades que se deseja em um camping: bom preço, lavadores de roupas e louças, bom banho e se possível vista ...
   
Ao fundo da foto o Estuário de Gironde. Até amanhã! Beijos e boa noite!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

23 a 25.09.2015 - Koblenz - Charny sur Meuse - Courgenay - Vouvray

Dias 16 a 18
Aproveitamos o último dia de estradas maravilhosas alemãs, tudo bem que nosso carro não ajuda, mas ser "balançado" por Porsches, BMW ou Mercedes que passam a muitos km por hora não tem preço! E já disse, sem pagar nada a mais por isso - sem pedágio!



Paisagem um pouco montanhosa, muitos vales, cortando a região de onde partiram para o Brasil nos idos de 1820 em diante os antepassados de nossos vizinhos e a colônia alemã gaúcha: região do Hunsruck.
Passamos pela cidade de Schengen (Luxemburgo), onde foi firmado o acordo de livre fronteira entre os países da Europa. 
Atravessamos para a França bem no bico dos três países: Luxemburgo, Alemanha e França.




Usinas termelétricas
Passamos a noite em Charny sur la Meuse, região da cidade de Verdum e que foi o epicentro da Primeira Guerra Mundial. Amanhã visitaremos os campos de batalha de 1914-1918.

O camping está junto ao Rio Meuse, com instalações simples mas "limpinho" e precinho simples também - 10 euros ...ôh maravilha! Na verdade a França não apresenta problemas quanto a local para ficar: tem de todo modelo e jeito: caros, simples, muiiito simples, simples paradas em estradas, fazendas, rústicos, municipais, etc.



Rio Meuse
Boa noite! Bom dia!



Campos de Batalha de Verdum - 1914-1918

A região de Verdum (Alsácia e Lorena), às margens do Rio Meuse, nordeste da França, por sua localização estratégica, sempre esteve na mira de conquistadores. Desde Átila no século V, passando por Carlos Magno no ano 843, fazendo parte do Sacro Império Romano, e sucessivamente sendo alvo de conquista...
A Alsácia e Lorena estiveram no meio das guerras entre França e Alemanha, e já trocaram de nacionalidade por 4 vezes desde 1871.
Em 1914 com a invasão da França pela Alemanha, Verdum estava novamente no centro dos acontecimentos.
A Primeira Guerra Mundial, foi dos conflitos mais mortíferos. E onde ocorreram mais baixas foi justo na Batalha de Verdum:
21-FEV-1916 a 18-DEZ-1916
O número de baixas varia de 600.000 a 960.000 em estudos atuais. 
E 300.000 mortos entre alemães e franceses.

Os alemães eram comandados pelo Gen. Erich von Falkenhayn e pelo lado francês o Gen. Philippe Pétain.
Os bombardeios alemães sobre as trincheiras francesas eram devastadores, aliados à chuva e neve, transformava a região em um imenso lodaçal.

O famoso lema "Não passarão" representou o fortalecimento francês. Foi adotada a tática da rotatividade das tropas para evitar que o cansaço e os efeitos morais enfraquecessem ainda mais os soldados.

Foi construída uma estrada que ligava Verdum à retaguarda, garantindo o fornecimento de alimentos e equipamentos bélicos. 
Denominada Voié Sacrée=Via Sagrada , por ela passaram cerca de
12.000 veículos, 50 mil toneladas de alimentos e 2 milhões de soldados.


Fleury-devant-Douamont , totalmente arrasada após os bombardeios 




Foram 9 cidades riscadas do mapa após os bombardeios. Ao final da Guerra havia tamanha quantidade de armas, granadas, munições espalhadas pela região que ficou praticamente impossível concretizar a limpeza da região.
O governo francês retomou as terras, indenizou e transformou em área nacional e iniciou os trabalhos para preservar e mostrar para o futuro a história.
    
Hoje é uma região que apesar dos horrores é bonito de ver. Mas ficamos sempre com sentimentos estranhos, indefinidos e assustadores.
Nós que nunca passamos por guerras é quase impossível colocar-se no lugar e imaginar a falta de sentido que isso é.

Tranchée des Baionnettes - Memorial onde se preservam trincheiras 


Douaumont , outra vila que foi totalmente devastada. Atualmente o que há em cada uma dessas vilas é a Igreja copiada da original 



E por toda parte crateras de obus, morteiros, bombas ... Vaix, Froideterre, Vauxquois, Haucourt ... cidades que não existem mais ... 



Forte de Douaumont



Por baixo da terra a fortaleza era uma verdadeira cidade.


Trincheiras por toda parte
  
Ossário de Douaumont : +- 16.000 cruzes com os nomes dos franceses tombados na guerra  







Trata-se do maior cemitério francês
Na parte interna do Ossário são +- 130.000 esqueletos, sem identificação individual: nas paredes a identificação das batalhas e os que ali morreram



Após 300 dias e 300 noites, com a retomada das fortificações pelos franceses, os alemães recuaram 
Momento relax: Silvano pegando maçãs para o lanche da tarde, dentro de uma cratera

Há coisas e mais coisas a ver, mas o dever nos chama e a estrada nos olha: e aí vem ou não!


Almoçamos o que tínhamos em casa, comida francesa: restô dontê, numa parada da estrada. Depois Silvano tirou um cochilo e eu tomei um pouco de sol.

Como disse outro dia vamos atravessar rapidão a França pois nossa placa alemã tem data de validade e não podemos nos atrasar.

Em L'Épine há uma igreja pequena com status de Catedral dedicada a Notre Dame, muito reverenciada com peregrinações e famosa pelos milagres, desde a Idade Média.





 Especial e emocionante: havia um coral ensaiando e os cânticos deram um outro valor à visita

Notre Dame de L'Épine


E para minha alegria o altar dedicado a Saint Jacques = Santiago


Na fachada, três portais com frontões e rendilhado lembra a Catedral de Reims

Na praça havia uma confeitaria e compramos éclair=bomba de chocolate e café.

Passando por Troyes a polícia nos parou: olha daqui, dali, pediu documentos do carro, implicou porque a bicicleta tampava um pouco a placa, perguntou se Silvano havia bebido e ele: hoje ainda não! Então vamos fazer o teste do bafômetro ... e nos liberou!



Quando estava chegando a hora de começar a procurar pouso havia uma placa de camping 7 km fora da estrada, em Courgenay. Resolvemos seguir e nos demos bem: camping municipal, aberto, sem ninguém mas com as instruções: entrem, instalem-se e amanhã passará a pessoa responsável para receber o pagamento. Maravilha! Estávamos ainda nos instalando e o responsável já chegou e nos cobrou a bagatela de 5 euros! Maravilha dupla! 

Dia seguinte tomamos café e nos preparamos para partir: encher a caixa d'água, limpar o banheiro, organizar o motorhome.

Poucos quilômetros após sair havia uma Abadia Cisterciense, espiei pela janela, fotografei e partimos.



Nosso almoço foi em Saran, perto de Orléans, terra de Joana D'Arc ... num local nada histórico mas que estávamos com saudades ... KFC e as coxinhas de frango picantes. E claro, abusamos do wifi do KFC.

Entramos em terras do Vale do Loire e ora pela margem direita ora pela esquerda, revimos várias cidades onde estivemos a primeira vez que viemos à Europa, no distante 1998 ... Blois, Amboise, Chaumont, Chambord ...

Nossos planos era ir até Tours mas em Vouvray fomos atraídos pela placa mágica ... Camping ... e ali ficamos.
Vouvray : cidade de origem do vinho branco que Rabelais comparava ao veludo... não, não tomamos! Fica para a próxima! 
Aqui também tem as moradias pré-históricas escavadas na rocha e habitadas até hoje. Servem também para o plantio de cogumelos (estivemos nelas em outra viagem) e hotel.
Silvano foi ao mercado e eu lavar roupas ... vida dura também tem essas horas de lazer!
Por enquanto é isso! Boa noite e beijos!

15-10-2017 - Arganda del Rey - Madri - Granada

Um belo domingo de sol! Outono calorento! Céu azul! Hilário nos levou até o aeroporto Barajas 09:00 para “locar” um carro e bandear uns di...