terça-feira, 30 de agosto de 2011

46.dia - Diamantina

Almoçamos bem frugalmente em casa. Lavei roupa. Sesteamos.
Voltamos ao Centro Histórico para andejar de novo.
Primeira parada: casa da Chica da Silva, hoje escritório técnico do IPHAN.
Casarão com salões, sala para cinema e saraus, quintal, igreja particular (atualmente demolida, só tem o portão de entrada) pois houve uma época em que ela não podia frequentar a igreja. A casa tem varanda com treliças. O tal contratador João Fernandes de Oliveira, amante da Chica era o homem que toda mulher quer: fazia TUDO que ela queria ... até mudar o sino da matriz ele mudou,  porque sua amada detestava aquele badalar, aí passaram o sino para a parte traseira da igreja,  ela queria o mar, ele construiu um lago com navio,  construiu a igreja particular dentro da chácara. Quando ele foi deportado para Portugal, na época do Marques de Pombal, ela vestiu-se de preto e nunca mais sorriu...
Segunda parada: Museu do Diamante, mostra a história diamantina. A casa do século 18 pertenceu ao inconfidente Padre Rolim.
Passamos pela igreja de São Francisco de Assis, estátua do JK, chafarizes. casarão do Forum e mais casario.
Em local fora do centro histórico tem-se a Casa da Glória, 2 residências construídas em épocas distintas, em 1813 e 1850,  unidas por um passadiço azul (na época em que funcionou ali um internato, em 1878). Atualmente pertence à Universidade, Setor de Geociências para pesquisas. Tem mais de 70 aposentos, quintal, salas, salões e salinhas.
Faltou ver a casa onde morou JK até sua mocidade.
Andamos por outra ruelas, tomamos caldo de feijão e caldo de costela com mandioca. 
Voltamos para casa e estou até agora tentando colocar as fotos por aqui, mas não estou conseguindo.  
Boa noite.
Casa da Chica da Silva

Varanda com muxarabiê - treliças


Foi em Diamantina onde nasceu JK

Casa da Glória - Passadiço Azul

Casa da Glória - Fogão

Varanda com muxarabiê
Teatro Santa Isabel

Igreja N.Sra. do Rosário





Mercado Municipal, antigo Rancho de Tropas

Rua Burgalhau - antiga passagem das tropas

 Refri típico: mate, guaraná e chapéu de couro




45.dia - Serro - Diamantina

29.08.2011
A rotina de sempre vocês já sabem: encher tanques de água, abastecer, guardar tudo, varrer. Passamos no mercado para comprar "Queijo do Serro" e seguimos viagem. Esse trecho na vinda fizemos de noite, vamos ver as paisagens agora. Muita subida e descida, serra quase o tempo todo.
Sempre que saímos da cidade esvaziamos a caixa do banheiro, jogamos água limpa, esvaziamos de novo: é a rotina da "privada"...
20 km depois em uma  curva me deparo com a placa "Nascente do Rio Jequitinhonha", fiquei emocionada e brava, pois não tinha um lugarzinho para estacionar e botar os pés na água. Mal e porcamente tirei uma foto de "esgueio".
O trecho de hoje é de 100 km. Em Diamantina pelo site achei um camping, mas não ligamos com medo de não estar atendendo, vamos na cara dura.
Um sacrifício para achar o camping, ruelas, becos e chegamos...eles não estavam recebendo ninguém porque estão em obras. Mas com nossa cara de tristeza acabamos ficando já que não precisamos de nada de fora (banheiros em obras).
Pegamos a moto e fomos enfrentar as ladeiras, meu Deus cada ladeira com calçamento de pedra e buracos nos entremeios...de qualquer jeito é ruim, a pé, de moto. Só é bonito para fotografar, e por incrível que pareça esqueci de levar a máquina, vou ter que refazer o caminho depois.
Almoçamos e fomos andejar: igrejas, mercado, casarões, casa da Xica, do muxarabiê (treliçado nas janelas para as moças não serem vistas), teatro, portas, janelas. Tudo arrumado, limpo, cuidado. Um belo visual.
Curiosidade: em 1956, João Gilberto morou aqui em casa de sua irmã. Parece-me que estava com problemas na Bahia e a mãe mandou passar uma temporada em Diamantina. Dizem os que viviam naquela época que ele treinava compulsivamente aqueles acordes diferentes - dentro do banheiro da casa - a melhor acústica da casa. Dizem também que ele prendia com elástico o dedo mínimo ao punho da mão direita. Prendia, soltava, prendia, por horas seguidas.
Voltamos para casa quase de noite. Banhamos e descemos/subimos para jantar. Para variar o cardápio fomos a um restaurante árabe,  Al Arabe: o dono Armand, libanês, família mora no Brás (SP), trabalha no ramo de confecções. Morou no Líbano, voltou para o Brasil, foi para Foz do Iguaçu (a colônia árabe lá é muito grande), veio para Diamantina faz 6 anos, casou por aqui e tem uma guria.
Comemos muito bem mas deixamos a alma ($$$).
Fábio e Rui: tomamos cerveja de trigo feita em BH - Backer: deliciosa e brindamos por todos vocês aí. Depois do jantar fomos subir e descer mais algumas ladeiras para fazer a digestão.
Bem cansados fomos para casa. Até dormi cedo, cerca de 01:00 hs.
Até amanhã. Iris e Kevin: saudades.  

Nascente do Rio Jequitinhonha



Camping São Pedro

El Arabe - cerveja Backer
Casa onde João Gilberto morou




Se virando prá pagar a viagem ...

       

44.dia - Serro - Milho Verde - São Gonçalo do Rio das Pedras - Serro

28.08.2011 - Domingo
Hoje é dia de conhecer os distritos do Serro, a estrada uns dizem que está asfaltando, outros que não, vamos desvendar o mistério....até Milho Verde são 23 km, dos quais 15 asfaltados e de Milho Verde para São Gonçalo são 8 km ruim, ruim...
Esse caminho faz parte da Estrada Real:  não sei se já falei : a Estrada Real liga Diamantina e Ouro Preto em dois caminhos para o mar, um chegava na Baia de Guanabara descendo pela Serra de Petrópolis e outro chegava em Paraty onde ainda existe uma trilha de caminhada de 3 dias que se chama Trilha do Ouro. A Estrada Real tem +- 1400 km.
Seguimos pela crista das serras com o Espinhaço e o Pico Itambé (2002 m) sempre a direita. Não vou repetir mas é tudo muito espetacular, na verdade apaixonei-me pela Serra do Espinhaço.
Com 15 km chegamos a Três Barras onde passamos pela ponte sobre o Rio Jequitinhonha bem perto da nascente, nada mais que um córrego, modesto para quem vai andar 1100 km e desaguar no oceano perto da cidade de Belmonte (BA). Os dois grandes rios que eu conheci a nascente são em Minas Gerais: o Rio São Francisco, na Serra da Canastra e agora o Jequitinhonha.
Os últimos 8 km foram de terra mas sem grandes areiões.
Milho Verde é mais um lugarejo que os hippies "descobriram" na década de 60 (tinham um faro para lugar bonito, descolado, fora do mapa....), ainda tem os remanescentes daquela época. Encanta pela simplicidade: um conjunto de construções coloniais formado por 2 igrejas: de N.Sra dos Prazeres, a Matriz, a atual de 1817, reza a lenda que Xica da Silva foi aqui batizada, pois ela era natural de Milho Verde e a Capela de N.Sra. Rosário que é o cartão postal da região: fica num espaço físico privilegiado, no alto, com gramado em volta e de outro o cemitério, oferecendo vista para o Macico do Espinhaço e o Itambé.
São Gonçalo igualmente tem um casario precioso, calçamentos de pedra originais, rancho de tropas (era um dos pontos de parada das tropas com destino a Paraty) e cachoeiras. Em alguns locais se percebe claramente o trecho que era feito pela tropa com a fundação das cidades, a cada x léguas tinha a parada que desenvolveu-se em povoado, vila, cidade.
 Também tem a matriz e a Ig. N.Sra. do Rosário, que é uma constante em toda região de escravos. Tinha entalhes de ouro na decoração, mas devido a assaltos foi camuflada com tinta! Ouro esse devidamente roubado das minas...
No séc. 18 foram descobertas reservas de ouro, a partir de 1730 se descobriram os diamantes. Demorou pelo menos 10 anos para Portugal ficar sabendo dessas descobertas. A partir daí toda a região passou a sofrer enormes restrições, o que acabou sufocando muitos povoados.  
Visitamos a Cachoeira do Comércio e voltamos para Milho Verde.
Quem tiver tempo procure por Milho Verde, Serro no google e verá imagens muito bonitas.
Almoçamos na Pousada do Morais, porque as informações que achei na internet diziam que a cozinha da D. Anete  era imperdível. Lá fomos nós, ambiente familiar, mesa grande para todos e a comida em cima do fogão a lenha, mais cafézinho e doce de leite (R$ 10,00).
Tinha um grupo da cidade de Peçanha que pretendem fazer a Estrada Real em etapas: uma vez por mês caminham e com previsão de chegar a Paraty em 2013. 
O grupo foi embora e ficamos ali de conversê com D. Anete, filhos e o marido (Morais). Voltamos para a igrejinha do Rosário e fomos embora.
No caminho paramos na Cachoeira do Moinho, um local muito bonito, mas a água estava embarrada devido ao serviço de terraplanagem na estrada. Ficamos ali um pouco, nos avermelhamos e viemos embora.
A noite nem saímos de casa, amanhã pretendemos ir para Diamantina.
As fotos vou colocar depois, é muito chato e demorado o sistema aqui ou sou eu que não sei fazer o serviço pelo caminho mais curto.
Tchau.  


Três Barras - Rio Jequitinhonha


São Gonçalo do Rio das Pedras




Capela N.Sra. do Rosário


D.Anete e Silvano

Matriz N.Sra. Prazeres

Serra do Espinhaço e Pico Itambé

Cachoeira do Moinho


Na borracharia


   

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

43.dia - Serro

27.08.2011
Hoje foi dia de muita andança, sobe-desce, desce para subir. Até achei que daria para fazer algumas coisas de moto, mas o piso é de pedras: sabão, moleque e buracos.
Passamos na oficina de turismo, conversamos bastante com a Miriam, muito atenciosa e boa de papo, apaixonada pela sua cidade. Combinamos que íamos em algumas ruas ver alguns casarões de "personalidades" da cidade e igrejas, depois do almoço voltaríamos e o guia Marcelo iria conosco para abrir algumas igrejas e casarão...
Como já disse Serro é uma típica vila mineira de 1700, com igrejas construídas em 1713, 1750, e casarões grandes e imponentes, e o melhor, bem cuidados. Anos atrás houve um incentivo do governo com verba disponível para recuperação e pagamento a perder de vista. Então quem aproveitou se deu bem...hoje não há mais esse incentivo. E como aqui foi a primeira cidade do Brasil a ser tombada o Patrimônio pega pesado e não deixa construir coisas novas no perímetro histórico, algumas casas recém construídas tem cara de antiga e o padrão de cor - azul e branco - até pouco tempo atrás era o único autorizado.
Fomos ao Mercado da Cooperativa dos produtores de leite e compramos "Queijo do Serro" (bom demais...), requeijão e frutas.
Andamos até 13:00 e subimos para almoçar no Júnior. 
Encontramos o Marcelo e fomos até a Chácara do Barão do Serro, casarão que está vazio, eventualmente é usado em festas da cidade. Localizado na parte baixa, à beira do Riacho Lucas, que foi onde surgiu o Serro a partir da cata de ouro. Um casarão em formato de U branco e verde.
Visitamos o Museu regional, que fica na casa dos Ottoni ( Teófilo e Cristiano Ottoni, políticos influentes durante o Império).
Na cidade tem a casa de João Pinheiro (foi presidente de Estado em 1098), do Barão de Diamantina (+-1850), prédio da prefeitura (foi construído para receber D.Pedro II, o que não ocorreu) que é o 3. maior prédio colonial do estado,  etc.
Eu amo portas e janelas, essas cidades coloniais é a glória nesse quesito.
Quanto às igrejas visitamos : Matriz de N.Sra Conceição (1713); Senhor Bom Jesus de Matozinhos, muito simples mas com altares muito trabalhados.
A Igreja do Rosário sempre é construída pelos negros, devido à proibição de frequentarem a Igreja Matriz, simples, com cemitério e torre ao lado.
Andamos até 17:00 hs e fomos para casa. Cochilei um pouco e descemos as 19:00 para a Igreja de Santa Rita assistir a missa. Essa igreja é o cartão postal da cidade, com uma escadaria que chega na praça em frente a Prefeitura.
A missa era em comemoração a 3 gurias que completaram 15 anos, nunca tinha visto comemorar aniversário durante a missa. Assim foi, missa festiva.
O padre tinha um sotaque danado, de quem fala espanhol e aprendeu depois português. Quando terminou a missa (demorou um bocado...) fomos conversar com o padre, perguntei de onde aquele sotaque. Ele: sou indiano!! Quase caímos de susto: cidade mineira de 1700 com padre indiano, esse mundo está globalizado no "úrtimo".
Voltamos para casa, lanchamos e fomos dormir cansadinhos...

Igreja Matriz, detalhe da torre

Degustação...
Flores do cerrado
No topo, Igreja de Santa Rita
Chácara do Barão do Serro
Igreja Senhor Bom Jesus de Matozinhos
Porta-janela com muxarabiê
Lateral da Igreja Matriz

    
  

15-10-2017 - Arganda del Rey - Madri - Granada

Um belo domingo de sol! Outono calorento! Céu azul! Hilário nos levou até o aeroporto Barajas 09:00 para “locar” um carro e bandear uns di...