Antes de falar sobre Le Puy, vou fazer um resumo sobre o Caminho de Santiago de Compostela (do latim Campus stellae=campo de estrelas).
Desde a descoberta dos "restos mortais" de Santiago no século 9 o afluxo de peregrinos era considerável e "cidades" iam sendo criadas para atender as necessidades desses "turistas": hospitais, igrejas, monastérios, cemitérios e também profissionais artesãos, como ferreiro, seleiro, alfaiate ...
Para chegar à Espanha existem na França quatro rotas principais, com saídas de Paris, Vézelay, Arles e Le Puy.
O primeiro peregrino famoso foi o Bispo Le Puy, em 951, mas a peregrinação inicou-se tão logo correu a notícia da descoberta e a construção da primeira igreja, por volta de 814.
Os caminhos convergindo para os Pirineus, que é a barreira natural entre França e Espanha. Dessa forma quem vem de qualquer parte da Europa acaba "desembocando" em um desses caminhos.
O Caminho principal dentro da Espanha é chamado de Caminho Francês por esse motivo. Já em 1140, o monge Picaud escreveu um guia muito detalhado, inclusive falando dos pontos onde bandidos e animais selvagens podiam surpreender os peregrinos. Pode ser considerado um dos primeiros guias de viagem do mundo ...
Mas voltando aos dias de hoje: a cidade de Le Puy fica na "boca"de um vulcão, com afloramentos rochosos e agulhas de basalto.
A cidade tem "três" picos, dois deles com igreja e o outro estátua da Virgem.
Olhando do alto ou à distância o conjunto é bem bonito e diferente.
A primeira agulha, um dedo de rocha de lava, tem a Chapelle de St-Michel
d´Aiguilhe, construída depois que o bispo fez a peregrinação a Santiago. Um lugarzinho bom para logo de cara já ir pagando os pecados. Mas nessa não subimos, estava fechada a bilheteria (tem que pagar para pagar seus pecados, uai). Pensamos em ir outra hora mas não deu tempo.
São apenas 268 degraus íngremes, a parte central da igreja é do século 10 e o restante da edificação do século seguinte. O chão foi feito de forma a acompanhar os contornos da rocha.
À medida que subimos vemos a cidade cercada de montanha por todos os lados, que é na verdade as bordas do vulcão ... não sei não! acho que não gostaria de morar em uma boca de vulcão, vai que ele acorda!
Dentro desse matinho é onde estamos acampados, com placas de "camping inundável"
Realmente é bem esquisito por dentro, olha esses olhos ...
Referência ao Caminho de Santiago na igreja e pela cidade é o que não falta
Grands Causses são os platôs de calcário, que não produz nada mas os vales são extremamente verdejantes e férteis. Olhando ao longe em alguns trechos só enxergamos um tom amarelado.
Paisagens abertas e austeras no verão e coberta de neve no inverno
A cidade ao fundo é Sainte-Enimie, já na beira do Rio Tarn
Indo em direção aos Gorges du Tarn : desfiladeiro ou garganta que o Rio abriu no Planalto das Cévennes, com 25 km de comprimento e até 600 m. de profundidade. As gargantas são ladeadas por montanhas rochosas e poucas cidades encarapitadas.
Olha onde o coitado do MH tem que passar! Por sorte estamos já na baixa temporada, fico imaginando com motorhomes prá lá e prá cá no alto verão. Na volta do rio tem muitas atrações: rafting, caiaques, canoas, escaladas, muitos campings ... mas agora nada ...
Aqui é o Pas de Souci: a parte mais estreita do já estreito canion. Tomamos um café e seguimos viagem.
Desde a descoberta dos "restos mortais" de Santiago no século 9 o afluxo de peregrinos era considerável e "cidades" iam sendo criadas para atender as necessidades desses "turistas": hospitais, igrejas, monastérios, cemitérios e também profissionais artesãos, como ferreiro, seleiro, alfaiate ...
Para chegar à Espanha existem na França quatro rotas principais, com saídas de Paris, Vézelay, Arles e Le Puy.
O primeiro peregrino famoso foi o Bispo Le Puy, em 951, mas a peregrinação inicou-se tão logo correu a notícia da descoberta e a construção da primeira igreja, por volta de 814.
Os caminhos convergindo para os Pirineus, que é a barreira natural entre França e Espanha. Dessa forma quem vem de qualquer parte da Europa acaba "desembocando" em um desses caminhos.
O Caminho principal dentro da Espanha é chamado de Caminho Francês por esse motivo. Já em 1140, o monge Picaud escreveu um guia muito detalhado, inclusive falando dos pontos onde bandidos e animais selvagens podiam surpreender os peregrinos. Pode ser considerado um dos primeiros guias de viagem do mundo ...
Mas voltando aos dias de hoje: a cidade de Le Puy fica na "boca"de um vulcão, com afloramentos rochosos e agulhas de basalto.
A cidade tem "três" picos, dois deles com igreja e o outro estátua da Virgem.
Olhando do alto ou à distância o conjunto é bem bonito e diferente.
A primeira agulha, um dedo de rocha de lava, tem a Chapelle de St-Michel
d´Aiguilhe, construída depois que o bispo fez a peregrinação a Santiago. Um lugarzinho bom para logo de cara já ir pagando os pecados. Mas nessa não subimos, estava fechada a bilheteria (tem que pagar para pagar seus pecados, uai). Pensamos em ir outra hora mas não deu tempo.
São apenas 268 degraus íngremes, a parte central da igreja é do século 10 e o restante da edificação do século seguinte. O chão foi feito de forma a acompanhar os contornos da rocha.
A segunda torre é o Pico Rocher Corneille, com uma imensa estátua vermelha de Notre-Dame de France. Construída sabe de quê? 213 canhões confiscados em Sebastopol, na época da Guerra da Criméia. Construída em 1860, chega-se até lá por um caminho íngreme pico acima.
À medida que subimos vemos a cidade cercada de montanha por todos os lados, que é na verdade as bordas do vulcão ... não sei não! acho que não gostaria de morar em uma boca de vulcão, vai que ele acorda!
Dentro desse matinho é onde estamos acampados, com placas de "camping inundável"
Agora só falta a última parte: subir dentro da santinha ... mas essa parte eu declinei e o Silvano disse é bem claustrofóbico!
Conseguem ver o cidadão na canela ou atrás do joelho da santinha? |
Na dobra da roupa ... ou na barriga ...a altura da estátua é de 16 mts |
Realmente é bem esquisito por dentro, olha esses olhos ...
Ainda sobrou canhão! |
A terceira "montanha" é a Catedral de Notre-Dame, com a Madona Negra Essa torre vista na foto acima é da Catedral.
Aqui os peregrinos vindos do leste da França, Alemanha, Bélgica, etc. até hoje recebem a benção todos os dias 7:00 e partem montanha abaixo para 1.600 km depois dar o Abraço no Santo.
Esse trabalho nas pedras que parecem um xadrez, os arcos: revelam as influências mouras nessa regiãoA Madona Negra: essa é cópia da que foi trazida das Cruzadas por Luis IX, na Idade Média (é o que dizem ...) São entalhadas em nogueira ou cedro e escurecem com o passar dos tempos |
Saindo da Catedral tem essa ladeira, fácil, fácil ... prá baixo o santo não precisa nem fazer esforço |
As casas são todas coloridas, cidade bem gostosa de andar, apesar de alguns sobe-desce |
Hôtel de Ville e a propaganda de uma exposição sobre peregrinação |
Pèlerin = peregrino |
Reparem na largura desse prédio |
Incentivo para quem vai andar 1.500 km: passe na loja de vinhos antes! |
"Por acaso" esse rio é limpo, ok? |
Fazem rendados delicados e bonitos, mas esqueci de fotografar. Verdadeiras jóias muitas vezes são emoldurados |
As pedras negras são de origem vulcânica
Na quinta, dia 10 fomos passear de trem ... dia chuvoso, ventoso, feioso. Mas para andar de trem fazemos qualquer negócio. Até levantar cedo!
Mas foi um negócio de lucro pouco: o trecho era pequeno, quase não deu para curtir a paisagem e nem tirar fotos, o percurso pelo Vale do Rio Loire com cidades encantadoras no folheto era bem interessante. mas o dia decididamente não colaborou.
Nem conhecemos a cidade onde fomos: Aureac-sur-Loire - ficamos dentro de um café vendo a chuva e o vento bater nas vidraças, compramos pizza em pedaço e voltamos correndo para a estação pensando em pegar o primeiro trem que passasse.
Lanchamos no hall da Gare e quando chegou a hora ... parou um ônibus e ... surpresa! Viemos de ônibus porque de tarde os trilhos estavam com trabalho de manutenção!!!!!! Mas foi bom porque a chuva cessou, o sol até deu as caras e curtimos a viagem que demorou bem mais. Ele entrou em todas as cidades, ia até a estação e às vezes nem subia nem descia ninguém.
Fez muito frio essa noite, Silvano ligou o aquecedor e funcionou bem. Só não dá para dormir com ele ligado porque o MH é muito "lacrado".
Amanhã, dia 11 vamos embora. Vamos atravessar uma região belíssima: os Gorges do Tarn.
Confirmando: a noite de ontem fez frio por demais ... mas dentro de casa vai bem, mas já está anotado: para o ano que vem, comprar um aquecedor elétrico pequeno.
O frio persistia: esses pinguinhos é gelo, caiu uma chuvinha e congelou, mas durou talvez 0,00001 milésimo de segundo para descongelar: mas era neve!
Pensam que só fazemos rota de "coisas bebíveis?", não! A lentilha de Le Puy é super famosa e com preço adequado à fama! A lentilha é AOC , como vinho, ela tem Apelação de Origem Controlada. Vamos passar um trecho da Rota da Lentilha de Le Puy. Já comprei a danadinha, falta fazer!
É verde, mas olhando de longe parece preta e bem miudinha |
O percurso foi subindo, planalto, descendo, para começar de novo a subir. Passamos por vários "passos" com altitudes superiores a 1.000 mts.
E por falar em comida, tenho comprado alguns queijos maravilhosos de gostoso. Um deleite para o paladar e para o bolso, já que esses queijos "nacionais" são muitomuitomuito bons! Vamos aproveitar e comer queijos diferentes, só o que ainda não vai é o dito queijo de cabra!
O de brebis=ovelha eu encaro, mas o de cabra não!!!
Só um exemplo de queijo: Cantal : estamos na região do Maciço Central, perto de Auvergne há o gado Salers: no inverno ficam dentro de estábulos, no bem-bom e no verão são levados para pastar nas montanhas. O pasto e as flores que eles comem - genciana, murta e anêmona - fazem com que o leite saia "aromatizado" e o queijo idem ... Eu não sei quantos tipos de queijos tem por aqui, mas dizem que é mais de um por dia do ano ....
Grands Causses são os platôs de calcário, que não produz nada mas os vales são extremamente verdejantes e férteis. Olhando ao longe em alguns trechos só enxergamos um tom amarelado.
Paisagens abertas e austeras no verão e coberta de neve no inverno
A cidade ao fundo é Sainte-Enimie, já na beira do Rio Tarn
Queijo chaourse, tomatinhos e pão com azeite!!!! |
Indo em direção aos Gorges du Tarn : desfiladeiro ou garganta que o Rio abriu no Planalto das Cévennes, com 25 km de comprimento e até 600 m. de profundidade. As gargantas são ladeadas por montanhas rochosas e poucas cidades encarapitadas.
Esse cabo é para transporte de mercadorias, as pessoas não vi como chegam |
Olha onde o coitado do MH tem que passar! Por sorte estamos já na baixa temporada, fico imaginando com motorhomes prá lá e prá cá no alto verão. Na volta do rio tem muitas atrações: rafting, caiaques, canoas, escaladas, muitos campings ... mas agora nada ...
Aqui é o Pas de Souci: a parte mais estreita do já estreito canion. Tomamos um café e seguimos viagem.
Essa região é minha conhecida há décadas, das leituras da National Geographic alguns lugares ficam marcados e você pensa: um dia vou lá! Essa já foi! Faltam muito locais mas tem um nome em especial: Samarkanda ... que fica no Uzbequistão! Voltemos!
Dia com paisagens maravilhosas. Esses desfiladeiros só existem por causa do tipo de pedra, o calcário, que permitiu ao longo de zilhões de anos que a água penetrasse dando origem ao que vemos hoje.
Chegamos em Millau, com tempo chuvoso. Ainda bem que para atravessar os Gorges o tempo colaborou: típico dia de outono com sol mas frio quando estamos na sombra.
Dos vários campings da cidade ainda bem que tinha 1 aberto na beira-rio. O rapaz da recepção disse que tinha brasileiros no camping.
Esse é o Viaduto de Millau , muitos devem ter recebido anos atrás mensagens de email com vídeos sobre ele. Tudo é superlativo ...
Mas vou falar sobre ele amanhã...agora é hora de dormir para levantar cedo (ops! isso foi um verdadeiro ato falho) ... Silvano fica um pouco bravo! mãns que se há de fazer!
Tchau!
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