domingo, 2 de junho de 2013

01.06.13 - Dia 46 - Varsóvia (PL)

Hoje, sábado, dia foi dividido em três etapas:
Pela manhã, isto é, depois das 11:00, fomos fazer compras. Aqui perto tem uma Decathlon, o que você  quiser de esportes tem: qualquer rebinboca da parafuseta em termos de esportes tem! Coisas necessárias, desnecessárias, frescuras, essenciais: tudo.
Compramos capacetes para andar de bicicleta, capa de chuva para as bicis e para mim, blusas de frio (apesar de estar entrando o calor). No Carrefour além das comidinhas e bebidinhas compramos uma TV de plasma (uia! nem em Morro Reuter temos uma). Levamos as compras para casa e saímos novamente.
2ª etapa: visitar a Varsóvia Judaica. Mas antes tínhamos que comprar bilhete de ônibus 24 hs...aí mora o perigo...a máquina só fala e escreve em polonês.
Por sorte tinha um casal jovem e nos ajudou.
Fomos primeiro no trecho original do muro que restou. Quem passa pela rua nem vê, tem que entrar em um corredor de prédios e lá no meio entre os apartamentos está ele.  O muro dividiu quase casas ao meio, teve prédios "cortados" ao meio, do dia para a noite já não se podia visitar seu vizinho, ou ir na padaria que até ontem você ia. Deprimente! Enlouquecedor! 
Não tem como não ficar chocado de frente para aquele pedacinho de muro, de 3,50 mts de altura. Numa área de 3 km² "viviam" quase 500.000 pessoas.
Fica-se sem palavras, sem vontade de externar qualquer comentário.
Antes da guerra mais de 30% da população de Varsóvia era judia. O muro foi erguido em 1940, a princípio eram divididos em dois guetos: o grande e o pequeno, unidos por uma ponte de madeira. Em menos de 3 anos morreram de fome, tifo e epidemias mais de 100.000 pessoas.
Dali foram enviados para os campos de  concentração mais de 300.000.
Os restantes  eram obrigados a trabalhar para fábricas alemãs e a ração diária era de 200 calorias.
Em 1943 teve início a inssurreição do gueto, era a única possibilidade que encontraram para viver ou morrer com dignidade. Foram 63 dias de luta que terminou com a ordem de arrasar por completo o gueto.
As fotos do ataque final são de arrepiar. Pouca pedra sobre pedra sobrou.
Visitamos ainda a Rua Prozná, de uma quadra só, que foi a única que sobrou desse dia de bombardeio. Um dos prédios foi restaurado e resta um prédio de 4 andares, com fotos de ex-moradores nas janelas.   
Há pouco tempo, um artista italiano, fez uma escultura de Hitler, ajoelhado e colocou no pátio desse edifício. Foi uma comoção geral e teve que retirar a estátua. Segundo o artista, Hitler estaria ajoelhado pedindo desculpas. Não aceitaram a explicação.
Conhecemos a Sinagoga, a igreja católica que também atendia os judeus daquela época. Enfim, andamos por ali. E segue o mesmo sentimento de desentendimento sobre como pode acontecer esses fatos. Na verdade a gente é que não sabe nada.
Varsóvia me impressionou muito. Você lê uma placa de um edifício e diz que é de 1300, 1400 mas é novinho, isso é que não bate. As coisas são velhas, mas são novas. Parece cenário de filme! Muito estranho.
3ª etapa: para desanuviar resolvemos andar de tram meio sem destino, a ideia era ir até o ponto final e depois voltar. Só circular! Mas  já era tarde, o tram foi para a periferia, que nem era tão feia assim, mas 10:00 da noite, sem conhecer e alguém te diz que não tem mais tram!?! Aí bateu o desespero. Outro diz que tem ainda tram. Lembrem-se que as pessoas não usam o mesmo dizer da gente. Verdade que dali a 10 minutos chegou um. Subimos bem aliviados. Ele andou UM ponto, parou e o motorista mandou todo mundo descer e nós ali paralisados. Quando vimos ele estava com uma barra de ferro na mão e dizendo para sair. Nessa hora a gente entende qualquer língua. Descemos apatetados e eu morrendo de medo.
Tinha um boteco e a senhora tentou nos ajudar, ainda tinha mais um tram. Esperamos. Ele realmente veio, descemos numa estação ferroviária grande e fomos atrás: ônibus noturno ainda era cedo, ônibus normal não tinha. Fomos atrás do trem, a atendente escreveu num papel; 23:07 perón (plataforma) 1.
Ufa que alívio! Subimos correndo pois  faltavam poucos minutos e aqui horário de trem é coisa séria.  
Nos instalamos bem felizes numa cabine: íamos andar de trem pelo menos por 8'.
Eis que chega o fiscal e pede o bilhete. Mostrei aquele bilhete que compráramos de manhã para 24 hs. Ele: não, não, não. Pronto. Arregalamos os olhos: como não? a mulher lá em baixo disse que sim, ele dizia que não. Bem quase chorei. Aí ele amoleceu: vão só até a Estação Central? Sim, sim, sim.
Aí ele fez aquele gesto que adoro: Bah! esses turistas! e jogou as mãos para trás. Aquela cara de "vocês querem me passar a perna mas eu tô sabendo!"
Que felicidade! Quando chegamos quase ajoelhamos para agradecer ao fiscal.
Ainda pegamos mais 2 ônibus para chegar no camping.
Já passava da meia-noite, camping fechado, mulher dormindo: tocamos a campainha e lá veio ela.
Afinal são tantas emoções! Hoje foram várias!
Vou dormir porque os passarinhos já estão cantando.


As explicações para comprar bilhete de bus: difícil!

Na Decathlon



Entrada do edifício onde existe um trecho do Muro





Prédio "presente"de Stalin 


Ulica Prozna: pequena rua no Gueto que não caiu com o bombardeio



Ulica Prozna: nesse espaço foi colocada a estátua de Hitler ajoelhado, mas devido à comoção causada o artista retirou 

Prédio restaurado da Rua Prozna



Sinagoga, de 1898 - Escapou ilesa

Basílica, na periferia e sem ônibus para voltar

Dando o golpe no trem

Estádio Nacional





















  

Um comentário:

Inara disse...

hahahah... que corajosos sair sem lenço e sem rumo numa cidade polonesa!!

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