31.10 e 01.11.2015 - Évora - Arraiolos - Pávia - Elvas - Cáceres

 Dia 54, sábado
No camping era possível lavar o motorhome e só saímos 12:00 hs

Acredita-se que a cidade de Arraiolos foi fundada pelos celtas cerca de 300 A.C.

"Empadas" deliciosas

O que levou o nome de Arraiolos são os tapetes feitos pelas mulheres da cidade. Verdadeiras obras-primas! 

Sentar e desfrutar das comidas

Para fazer a "digestão" ou ganhar uma "congestão" vamos ao topo da colina visitar o Castelo, as muralhas e a preciosa vista 

Torre do Relógio e abaixo Torre de Menagem: estrutura central do poder, a parte mais protegida do castelo e onde vivia a "autoridade" maior

Castelo-Paço: assim como as muralhas foi construído  entre 1306-1310.
Planta retangular com torres angulares de defesa. As construções interiores estão hoje reduzidas aos alicerces. D. Nunes Alvares Pereira, fronteiro-mor de Alentejo aqui passou largas temporadas.

Igreja do Salvador: primitiva Matriz da Vila já existia no ano de 1271 .No século 16 foi muito modificada e em meados do século 18 esteve sob proteção dos Duques de Bragança, senhores de Arraiolos durante séculos.
Estava fechada no horário em que aí estivemos

Casario caiado de branco, molduras azuis e amarelas para afastar o "demônio"

Visto e anotado vamos para Pavia, 18 km ao norte, onde a principal atração é a Anta de São Dinis. Anta?! Também conhecido como Dólmen, monumento megalítico normalmente para fins funerários, que pode ser simples com apenas 3 pedras, 2 de esteio e 1 por cima como uma mesa ou altar rupestre ou mais elaboradas como Capelas.

 Esta Anta foi transformada em Capela no século 17. Apresenta uma câmara poligonal composta por 7 esteios de grandes dimensões

 Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia e Praça principal

 A região de Évora proporciona um passeio pelos Megálitos , ou Dólmens . Em um recorrido de cerca de 80 km é possível encontrar pedras, menires, capela-dólmen, grutas. Segundo arqueólogos acredita-se que tenham surgido entre 4.000 e 2.000 A.C.. Com utilidades variadas: ritos funerários, ritos de fertilidade, local de culto e pinturas rupestres. A visitar de outra vez!

Nosso caminho em direção à fronteira Portugal-Espanha (sim, estamos voltando, as férias se acabam) passa por Vimieiro, Extremoz até Elvas.
Como já disse, terra do "Ouro Branco do Alentejo" (mármore) que pode ser rosa, verde ou ... branco. O maior produtor é a região de Extremoz, sendo Portugal o 2º produtor mundial  (Itália lidera com o mármore de Carrara).
E o que é exatamente mármore: rocha originada do calcário exposto a altas temperaturas e pressão extrema, isto é, encontradas em região de atividade vulcânica e rocha matriz calcárea. Em resumo: rochas carbonáticas capazes de receber polimento. (Wikipédia)

Chegamos a Elvas quase escuro e os 2 campings que tínhamos anotado já tinham entrado em recesso. Não tem choro! Acabou a temporada, acabou o camping!
Um senhor nos indicou que ficássemos ao "pé" do aqueduto, que havia espaço de sobra e era permitido.
Chegamos 18:30, completamente escuro mas o estacionamento era muito bem iluminado e havia 7 motorhomes ali. 

Aqueduto da Amoreira : até o século 16 a única fonte de água potável de Elvas era o poço de Alcalá. Quando a água se esgotou os moradores imaginaram um aqueduto para trazer água da fonte de Amoreira, a cerca de 8 km. A construção começou em 1498 e foi até 1622, com 843 arcos em até 5 fileiras, em alguns pontos atinge mais de 30 mts de altura e a água vai até o Largo da Misericórdia 

    Consegue ver o motorhome no estacionamento à direita da foto?

Elvas está a apenas 12 km da fronteira espanhola e suas características são de fortaleza. A cidade está no topo da colina e seu casco antigo totalmente amuralhado. Há um cinturão de fortificações nas colinas do entorno.
A cidade esteve dominada pelos mouros por cerca de 500 anos e isso se traduz em arquitetura e ruas de nomes típicos mouriscos, tendo efetivada a libertação em 1230.
E por outros 600 anos seu destino teve altos e baixos, com ataques periódicos da Espanha e sucessivos tratados de paz. 

Porta exterior da Esquina ou de Nossa Senhora da Conceição, dava acesso à antiga estrada para Lisboa (a mesma por onde viemos).
O sistema de baluartes é considerado uma obra-prima da arquitetura militar, traçada pelo matemático holandês Jans Clermans, aqui conhecido por João Cosmander, por volta de 1644

         Ao fundo e na foto abaixo vemos outra fortificação, onde estamos era a cidade propriamente dita e em todas as colinas à volta fortes, fortins, fortalezas 

 Castelo de Elvas , de origem romana e mourisca, conquistado dos árabes em 1166 por D. Afonso Henriques, sendo perdido novamente logo depois.
Reconquistado definitivamente por D. Sancho II em 1226 

 Sofreu inúmeras reformas ao longo dos séculos, tendo atualmente a forma de quadrilátero. A Torre de Menagem foi erguida em 1488. Até o fim do século 16 foi usado como residência dos "prefeitos" de Elvas.

Entrada da Torre de Menagem: nas escadas de degraus irregulares levei mais um "tombaralho", dos grandes e não sei como não me quebrei ... o Ipad salvei, mas o tornozelo virou uma abóbora de grande! Ainda bem que estamos no fim da viagem porque os próximos 2 dias foi de muita dor!

  Como era primeiro domingo do mês não pagamos entrada!

 Arco de Santa Clara, do século 19, ao fundo Pelourinho do mesmo nome. Diz a lenda que aqui travou-se um combate entre Cavaleiros da Ordem do Templo (Templários) e os mouros. Atrás dessa porta de ferro está a porta original chamada Porta do Templo. Parece complicado mas resolveram dar maior importância ao episódio lendário!   

                                                      Entalhado em estilo manuelino

 Igreja Nossa Senhora dos Aflitos, antigo Mosteiro das Freiras de São Domingos ou Dominicanas, que foi construído sobre a antiga Igreja dos Templários  . É interessante: independente de "quem" seja o invasor ou o invadido o local sagrado de um será sempre o local sagrado do outro. A energia desses locais é sempre forte. O exterior simples contrasta com a riqueza dentro desta pequena igreja do século 16, construída em cima de uma igreja templária mais antiga.

 Projeto octogonal é a maior característica dos Templários

 Zimbório , segundo o dicionário, é a cobertura ou parte dela, de um edifício, de forma geralmente hemisférica, dotada de abertura no ápice e de base octogonal

 Colunas de mármore e belos azulejos amarelos e azuis, acrescentados no século 17. Os azulejos revestem as paredes até a cúpula. 

 Seguimos para a Praça da República

 Onde está situada a Igreja Nossa Senhora da Assunção, construída sobre as ruínas da Matriz em 1517. Aberta ao público em 1537.
Em 1570 por Bula do Papa Pio V obteve o título de Catedral até 1882. Não descobri porque perdeu o título de Catedral ... 
O arquiteto, Francisco de Arruda, é o mesmo que projetou o Aqueduto.

 O portal sul, em estilo manuelino, escapou ileso das muitas reformas que a igreja sofreu.

                                              Azulejaria dos século 17 e 18

                         Mármores de todas as cores com efeito muito bonito

Altar-mor com painéis sobre a vida da Virgem Maria feitos pelo pintor da Extremadura, Luis de Morales

 Tomamos uma bica=café na praça, o pé continuou a crescer e voltamos para o motorhome para buscar onde almoçar. Resumo: gostamos muito de Elvas!
Tchau Portugal e até a próxima visita ou residência! Quem há de!

Na estrada tinha um bom restaurante, mas, sempre há um mas ... era domingo, crianças "órfãs" (aquelas que as mães fazem cara de paisagem quando as crianças estão à toda...) correteando, gritando, meu pé latejando, comida demorando ... enfim não foi uma boa refeição.
Vim deitada o restante da viagem até Cáceres. Um bom camping, um bocado caro mas sem condições de procurar outro.
Terminei o dia com muito gelo no tornozelo e analgésicos. Amanhã será um novo dia!